<em>“Europa”</em> - O fim de um mito
A verdadeira natureza da “Europa” do grande capital aí está
No comunicado da última reunião do Comité Central há uma referência à claudicação “europeia” diante da estratégia de hegemonia planetária dos EUA cujo significado político importa sublinhar.
Na verdade, se tivermos presente a oposição da Alemanha e da França à agressão anglo-americana no Iraque ou que foi distanciando-se dos EUA, ao ponto de assimilar Bush a Hítler, que o SPD de Schröder ganhou as eleições , as decisões do Conselho Europeu de Salónica e, de seguida, os acordos da Cimeira EUA/UE, representam duas coisas fundamentais. Por um lado, uma vergonhosa abdicação das grandes burguesias europeias diante das arrogantes exigências dos EUA. Por outro, a aspiração da UE a potência mundial abertamente militarista e agressiva. No preciso momento em que decide dotar-se de uma “Constituição” e dar um salto qualitativo na sua construção como bloco imperialista, a UE adopta explicitamente os mesmos conceitos estratégicos do imperialismo norte-americano e sublinha a identidade de “valores” com os EUA no combate a “ameaças” que considera comuns. A verdadeira natureza da “Europa” do grande capital aí está em (quase) todo o seu esplendor.
A questão “Europa” tem sido uma constante na história do movimento operário. Tem sido um tema central da luta de classes. De duros afrontamentos políticos e ideológicos no campo democrático. De convergências internacionalistas e manipulações nacionalistas reaccionárias. De grandes movimentos pela coexistência pacífica entre sistemas sociais antagónicos e instrumento de confrontação anticomunista particularmente viva em tempos de “guerra fria”. E também de sérias divergências no seio do movimento comunista e revolucionário.
O artigo de Lénine “Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa” continua como uma referência importante sobre esta questão. Os caminhos desde então percorridos pela “Europa” confirmam-no nas suas grandes linhas. E desde logo em relação ao processo de integração que de Roma/57 a Salónica/03 foi esculpindo a União Europeia que hoje aí está, quase sem máscara, como instrumento “ de domínio do grande capital e das grandes potências sobre os trabalhadores, as classes e camadas não monopolistas, os “pequenos” países. Sem esquecer propósitos de expansão imperialista bem visíveis não apenas em relação ao Leste e à área mediterrânica, mas visando também a recolonização dos povos libertados do colonialismo na África, Ásia e América Latina.
Foi nos anos 70 que começaram a manifestar-se substanciais diferenças de avaliação em relação à natureza de classe da CEE e às perspectivas da sua evolução. Com o “eurocomunismo”, aliás hostil à revolução portuguesa e ao que ela representou como desmentido das suas teses de adaptação reformista, a discussão saltou para a luz do dia. Entre as teses já então desenvolvidas há uma que é especialmente oportuno destacar: a que vê no desenvolvimento federalista da CEE/União Europeia/”Europa” uma garantia de “independência” e “autonomia” frente aos EUA e um factor de progresso e de paz nas relações internacionais. É porém uma evidência que, depois de tudo o que recentemente se passou em matéria de “aprofundamento da integração” e de “reforço da relação transatlântica” que esta tese, que o PCP sempre contestou e que tantas dificuldades criou na resposta popular à Europa dos monopólios, foi desmentida pelos factos e está politicamente abalada. O que, se for finalmente reconhecido, possibilitará um grande passo em frente na cooperação e na unidade de acção dos comunistas e de outras forças de esquerda vinculadas com os interesses dos trabalhadores, na luta contra a Europa do capital e o imperialismo em geral.
Na verdade, se tivermos presente a oposição da Alemanha e da França à agressão anglo-americana no Iraque ou que foi distanciando-se dos EUA, ao ponto de assimilar Bush a Hítler, que o SPD de Schröder ganhou as eleições , as decisões do Conselho Europeu de Salónica e, de seguida, os acordos da Cimeira EUA/UE, representam duas coisas fundamentais. Por um lado, uma vergonhosa abdicação das grandes burguesias europeias diante das arrogantes exigências dos EUA. Por outro, a aspiração da UE a potência mundial abertamente militarista e agressiva. No preciso momento em que decide dotar-se de uma “Constituição” e dar um salto qualitativo na sua construção como bloco imperialista, a UE adopta explicitamente os mesmos conceitos estratégicos do imperialismo norte-americano e sublinha a identidade de “valores” com os EUA no combate a “ameaças” que considera comuns. A verdadeira natureza da “Europa” do grande capital aí está em (quase) todo o seu esplendor.
A questão “Europa” tem sido uma constante na história do movimento operário. Tem sido um tema central da luta de classes. De duros afrontamentos políticos e ideológicos no campo democrático. De convergências internacionalistas e manipulações nacionalistas reaccionárias. De grandes movimentos pela coexistência pacífica entre sistemas sociais antagónicos e instrumento de confrontação anticomunista particularmente viva em tempos de “guerra fria”. E também de sérias divergências no seio do movimento comunista e revolucionário.
O artigo de Lénine “Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa” continua como uma referência importante sobre esta questão. Os caminhos desde então percorridos pela “Europa” confirmam-no nas suas grandes linhas. E desde logo em relação ao processo de integração que de Roma/57 a Salónica/03 foi esculpindo a União Europeia que hoje aí está, quase sem máscara, como instrumento “ de domínio do grande capital e das grandes potências sobre os trabalhadores, as classes e camadas não monopolistas, os “pequenos” países. Sem esquecer propósitos de expansão imperialista bem visíveis não apenas em relação ao Leste e à área mediterrânica, mas visando também a recolonização dos povos libertados do colonialismo na África, Ásia e América Latina.
Foi nos anos 70 que começaram a manifestar-se substanciais diferenças de avaliação em relação à natureza de classe da CEE e às perspectivas da sua evolução. Com o “eurocomunismo”, aliás hostil à revolução portuguesa e ao que ela representou como desmentido das suas teses de adaptação reformista, a discussão saltou para a luz do dia. Entre as teses já então desenvolvidas há uma que é especialmente oportuno destacar: a que vê no desenvolvimento federalista da CEE/União Europeia/”Europa” uma garantia de “independência” e “autonomia” frente aos EUA e um factor de progresso e de paz nas relações internacionais. É porém uma evidência que, depois de tudo o que recentemente se passou em matéria de “aprofundamento da integração” e de “reforço da relação transatlântica” que esta tese, que o PCP sempre contestou e que tantas dificuldades criou na resposta popular à Europa dos monopólios, foi desmentida pelos factos e está politicamente abalada. O que, se for finalmente reconhecido, possibilitará um grande passo em frente na cooperação e na unidade de acção dos comunistas e de outras forças de esquerda vinculadas com os interesses dos trabalhadores, na luta contra a Europa do capital e o imperialismo em geral.